Sonho de bebê ideal atrapalha adoções

publicado no Jornal do Commercio (PE), Carolina Brígido - 11/08/2008

Meninas com até 2 anos de idade são preferência nas adoções

Dados do Cadastro Nacional de Adoção, criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), derrubam o mito de que no Brasil existem mais crianças esperando pela adoção do que adultos interessados em assumir a guarda delas.
Os números mostram que para cada 16 pessoas ou casais registrados há uma criança à espera da adoção. Ao todo, são 1.994 pretendentes para 119 crianças. Apesar do alto número de pais candidatos, os processos costumam demorar porque há incompatibilidade entre o tipo de criança desejada e a realidade brasileira. Meninas com até 2 anos de idade e de pele branca são as mais procuradas.
No entanto, a maioria das crianças que aguardam para serem adotadas são meninos de pele parda, entre 9 e 13 anos. "A família geralmente estabelece um perfil excludente e inegociável. Tem aumentado o número de famílias interessadas em crianças com faixa etária mais elevada.
Mas a resistência a esse grupo ainda é alta", conta o psicólogo-chefe da Vara da Infância e da Adolescência do Distrito Federal, Wagner Gomes de Sousa. O cadastro revela, ainda, que a maioria dos adultos interessados na adoção não tem filhos biológicos, mora em São Paulo e tem renda mensal entre cinco e dez salários mínimos.