Perfil exigido em adoção muda em São Paulo

[O Estado de S. Paulo (SP), Karina Toledo; A Gazeta (MT) – 22/08/2008]

Número de pessoas indiferentes à raça das crianças aumentou de 20,69% para 28,06%
O perfil das crianças pretendidas para adoção no estado de São Paulo sofreu uma pequena mudança nos últimos anos, embora ainda predomine a opção por meninas brancas, sem irmãos e com menos de 3 anos. É o que mostra o levantamento realizado pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) de São Paulo com dados de 2005 a 2007.
O avanço mais significativo foi em relação à raça pretendida. Embora a cor de pele branca ainda seja a preferida para 38% das pessoas que desejam adotar, o número dos indiferentes a esse quesito aumentou de 20,69% em 2005 para 28,06% em 2007. O percentual de pretendentes que desejam crianças com menos de 3 anos caiu de 82,68% para 74,20%. No entanto, crianças com mais de 6 anos continuam sendo a opção de menos de 1% dos requerentes. Já o total dos que se dizem disponíveis para a adoção de grupos de irmãos aumentou de 24,79% para 32,88%.
Na avaliação do juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os números são muito promissores. "Quando se trata de mudar paradigmas, mudar a cabeça das pessoas, o processo é lento e paulatino. Mas o movimento começou", avalia.
Tempo para adoção
O artigo que estabelece o prazo de 120 dias para que o Judiciário determine se uma criança deve ou não ser colocada para adoção é visto com preocupação pelo juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho. "A intenção de agilizar o processo de adoção é boa, mas esse prazo nem sempre é suficiente para que um juiz possa decidir a vida de uma criança.
Da forma como foi aprovado, o projeto força o Judiciário a tirar as crianças das famílias (pobres) para colocá-las em adoção. Não cria mecanismos para que essas famílias sejam reestruturadas”, avalia.