Exigência de perfil específico de crianças explica espera em fila de adoção

publicada no GLOBO em 3 de agosto de 2008

Para cada 16 interessados em adotar, há uma criança aguardando. Noventa por cento dos candidatos procuram meninas brancas com até 2 anos, mas a maioria das crianças em abrigos é do sexo masculino, da cor parda e têm entre 9 e 13 anos de idade
Segundo informações do Cadastro Nacional de Adoção, criado pelo Conselho Nacional de Justiça, o número de pessoas ou casais dispostos a adotar uma criança é superior ao de meninos e meninas à espera de uma família. Para cada 16 interessados, há uma criança aguardando.

No total, são 1.994 pretendentes para 119 crianças. O problema, no entanto, é que os processos demoram porque há uma incompatibilidade entre o tipo de crianças desejadas e a realidade brasileira. Juízes que atuam em vara de família dizem que mais de 90% dos candidatos procuram o "perfil clássico", ou seja, meninas brancas, saudáveis e com até 2 anos. Entretanto, a maioria das crianças em são do sexo masculino, de cor parda e têm entre 9 e 13 anos de idade.
O cadastro, lançado em 29 de abril, revela ainda que a maioria dos adultos dispostos à adoção não tem filhos biológicos, mora em São Paulo e possui renda mensal de 5 a 10 salários mínimos. O cadastro foi lançado em 29 de abril e, aos poucos, tem sido alimentado. Até agora, 2.268 varas de primeira instância da justiça estadual já repassaram os dados. O prazo termina em novembro, mas o número atual pode ser considerado um retrato. Como o cadastro é nacional, será possível cruzar o perfil desejado com o das crianças disponíveis.