a história de Dani

Uma das certezas do Projeto ACOLHER é que a gente aprende muito ouvindo a história e as "estórias" das pessoas. Por isto uma parte significativa de nossa atuação nestes 7 anos são as reuniões presenciais que acontecem todo mês.
Nestas ocasiões as pessoas tem oportunidade de conversar e ouvir as impressões e os sentimentos dos outros, e isto nos faz aprender muito.
Pensando nisto iniciamos uma série de pequenas entrevistas/depoimentos com as estórias de algumas pessoas que fazem parter do ACOLHER, assim, as pessoas que nos visitam virtualmente também podem compartilhar destas estórias.
Se você tiver vontade de contar um pouco de sua história, mande seu depoimento para spprojetoacolher@yahoo.com.br
Hoje vamos conhecer um pouco da vida da Roberta, que faz parte da Diretoria atual do Projeto ACOLHER e de sua menina Daniela. Fizemos então uma pequena "entrevista"
Por favor, nos conte com é sua familia hoje.
- A minha família é composta por mim, Humberto e Daniela, filha do meu primeiro casamento.
Quando você adotou sua filha, que idade ela tinha? Porque você partiu para a adoção?- Em 1998 a Daniela chegou para a gente, tinha 3 meses e 20 dias, era muito linda, gordinha e risonha. Resolvemos adotar pq não conseguíamos (Roberta e seu primeiro marido) engravidar e eu não quis fazer a fertilização in vitro, queríamos ser pais e ter um filho adotivo supriria a nossa necessidade.
Sua estoria de adoção foi meio enrolada, você ficou vários anos apenas com a guarda provisória de sua filha não é? Pode nos contar o que aconteceu?- A Dani chegou bem nenê, porém logo em seguida eu recebi um comunicado (não entendo dos termos jurídicos) da Vara da Infância relatando que o caso da Dani tinha algumas pendências. Resolvemos constituir um advogado para acompanhar o caso. Pelo que entendi na época foi questionada a destituição do pátrio poder e o local onde deveria correr o processo. Após um tempo conseguimos que o caso permanecesse na Vara da Infância do Jabaquara, porém a questão da destituição do pátrio poder foi retomada e a mãe biológica teve que ser citada. Ela não foi encontrada e quando a Dani completou 7 anos conseguimos a adoção.
Quero registrar que nesse tempo recebi o apoio fundamental do Projeto Acolher e em especial da Bia
(voluntária e uma das pessoas que fundaram o ACOLHER) que me acolheu com muito carinho.
Você lembra de alguma estória engraçada envolvendo esta questão da adoção na sua vida?-No meu trabalho tenho algumas fotos da Dani e uma certa ocasião, quando o rapaz que estava fazendo um serviço de manutenção na minha sala viu as fotos e perguntou: "O seu marido é negão?"
Fora esta questão da demora em ter a guarda definitiva de sua filha, o que mais você considera uma dificuldade com relação á adoção?-Para mim a dificuldade que tenho enfrentado é que a Dani não gosta de se sentir diferente das outras crianças. Ela está com 9 anos e meio, tem os questionamentos típicos de sua idade e além disso estou querendo adotar outra vez, o que expõe a situação adotiva dela.
E porque trabalhar no Projeto ACOLHER?- Procurei o Projeto Acolher quando a Dani tinha 2anos e meio. Queria que ela tivesse contato com outras crianças adotivas e percebesse que ela não era um ET. Desde então, já se vão 7 anos, continuo no Grupo. Essa opção se deve a uma necessidade pessoal (encontro comigo mesma e com o outro) e a firme crença que a troca de experiências que ocorrem durante as nossas reuniões têm fortalecido muitas pessoas e permitido que encontrem a sua família REAL.
Queria falar mais alguma coisa? Deixar algum recado?- Quero partilhar algo que aprendi nessa minha caminhada: As diferenças físicas e de personalidade devem ser encaradas como somatória na vida de pais e filhos. Amo minha filha inteiramente do jeito que é e acredito que só ela poderia ser minha.

Gostaram? Depois vamos contar as estórias de Sofia, do Eric e da Polyana, do Pedro, do Tiago e do Vitor, e de um monte de outras pessoas!

Então, se você, mesmo que não faça parte do ACOLHER, mesmo que seja de outro Estado ou outro País, queira contar sua estória, escreva para nós!